Muitos casais têm dúvidas sobre se devem ter sexo ou não na gravidez. Neste artigo pode ver as vantagens, segundo as opiniões dos especialistas
É seguro ter relações sexuais durante a gravidez? Faz mal ao bebé? O sexo na gravidez é um dos assuntos que os casais mais evitam falar com o médico. Mas, existem ainda muitas dúvidas que precisam ser esclarecidas.
Segundo explica Sofia Serrano, médica ginecologista e autora do blog Café, Canela e Chocolate, o desejo sexual das mulheres grávidas é variável de mulher para mulher.
É verdade que há grávidas que durante a gravidez não querem sequer ouvir falar em sexo, porque a sua líbido está em baixo. Existem também aquelas que se continuam bastante ativas nesta área da sua vida íntima.
A ginecologista desmistifica a ideia de que ter relações sexuais faz mal ao bebé ou o pode magoar, como muitos ainda pensam.
“Ter relações sexuais não faz mal ao bebé – se estivermos a falar de uma gravidez normal. O bebé está protegido pela bolsa amniótica e pelo útero, e o colo do útero está fechado.”
É precisamente pelo facto de o bebé estar protegido no saco amniótico e no útero que não qualquer risco de magoar o bebé.
A especialista afirma que, sendo este um assunto que gera ainda muitas dúvidas nos casais, é necessário que se fale mais sobre o assunto.
De acordo com a enfermeira especialista em Saúde Materna e Obstetrícia do Centro Pré e Pós Parto, Marília Pereira, “a gravidez não provoca uma rutura na história do casal que, anteriormente, vivia de forma satisfatória a sua própria sexualidade e a sua relação conjugal. Pelo contrário, com a gravidez o casal pode descobrir outro tipo de sexualidade altamente gratificante, sobretudo quando existe a necessidade de união afetiva”.
1.º Trimestre
No primeiro trimestre, o desejo sexual da mulher pode diminuir, especialmente se sentir muitos enjoos na gravidez, fadiga e sonolência (que pode ser combatida com sestas – as famosas sestas na gravidez que tantos benefícios lhe trazem).
Além disso, é ainda durante este período que surgem muitas preocupações que assolam a cabeça das futuras-mamãs, como por exemplo a possibilidade de não levar a gravidez a termo (até ao fim).
No entanto, fisiologicamente falando, pode-se observar um aumento da lubrificação vaginal, que se mantém durante toda a gestação e que facilita o coito.
Mas, nem só de penetração se faz o sexo. Há que haver tempo e espaço para preliminares. É, neste ponto, que a grávida se pode sentir um pouco desconfortável, devido ao aumento da sensibilidade mamária.
Esta sensibilidade, sintoma comum deste trimestre, faz com que a estimulação dos seios seja desagradável para a mulher, ainda que antes tenha sido fonte de prazer.
Mas, numa fase posterior, a maioria das mulheres refere sentir uma maior excitação ao serem acariciadas no peito, uma vez que a sensibilidade mantém-se elevada mas não dolorosa.
2.º Trimestre
Durante o segundo trimestre, pode ocorrer um aumento do desejo sexual.
Tal acontecimento pode ser explicado pelo desaparecimento das náuseas e da excessiva sensação de cansaço e também pelo facto das mulheres se sentirem agora mais seguras em relação à gravidez, uma vez que já passou os primeiros três meses (meses que acarretam mais riscos para o normal desenvolvimento da gravidez).
Com a barriga a crescer, muitas são as mulheres que se sentem mais bonitas e sensuais.
No entanto, é também nesta fase que surgem os primeiros movimentos do feto e com eles um novo receio: o de magoar o feto durante a penetração.
3.º Trimestre
No terceiro trimestre, o cenário muda novamente!
A baixa autoestima da mulher, resultante da enorme transformação pela qual o seu corpo passou, o medo de magoar o feto e as situações de contra-indicação médica podem resultar num nível baixo de atividade sexual.
Entre as 28 e as 40 semanas, o abdómen fica muito mais pesado e volumoso (afinal, é agora a altura em que se dá a maior fase de crescimento do bebé), pode surgir, com maior intensidade, a azia na gravidez.
Existem, no entanto, mulheres que sentem nesta fase muita vontade de ter sexo na gravidez, pelo que é importante salientar que, como explica a Barrigas de Amor, “a líbido mantém-se elevada devido à abundante lubrificação vaginal e ao aumento da pressão pélvica do útero que aumenta o tempo de resolução, aumentando assim o orgasmo”.
Contudo, essa líbido pode provocar a saída de leite, devido à excitação ou às fortes contrações uterinas após o orgasmo feminino.
Mesmo que a mulher não sinta desejo sexual, existe uma enorme necessidade de atenção e carinho, uma vez que, de acordo com a especialista do Centro Pré e Pós Parto “a mulher se sente insegura e vulnerável”.
Além disso, “o casal deve presente que a vivência de uma sexualidade gratificante não se resume à penetração e poderá explorar a sua intimidade a outros níveis – através da masturbação, sexo oral ou anal”.
Aliás, o orgasmo feminino causa contrações do útero, o que pode ajudar, de uma forma natural, a causar o parto (um motivo bem forte para se divertir com o/a seu/sua parceiro/a nesta fase).
Contraindicações do sexo na gravidez
Existem algumas situações nas quais as relações sexuais são desaconselhadas pelos médicos. São essas:
a existência de uma situação chamada de Placenta prévia;
sangramento vaginal sem causa aparente;
se começar a fazer dilatação do colo do útero prematuramente, ou seja, antes do bebé estar preparado para nascer (antes das 37 semanas);
Insuficiência cervical;
se a grávida tiver um descolamento da placenta;
Rutura prematura de membranas;
se existir o risco de um trabalho de parto prematuro (antes das 35 semanas de gestação);
no caso de existir alguma doença sexualmente transmissível.
De qualquer forma, o obstetra deve orientar a mulher sobre o risco de ter contacto íntimo e quais os cuidados que deve ter. Em algumas situações pode mesmo ser necessário evitar a estimulação sexual, porque podem provocar contrações do útero.
FONTE: Pumpkin