O Pós Parto

A aceitação do ventre, inexistente na adolescente, pode ser um problema sentido na jovem mãe. Importante rever o ventre glorificado e abençoado na cultura cristã, esculpido na cultura grega e romana como nas encantadoras estátuas Vitória de Samotrácia e Vénus de Milo. Podemos tirar mais partido das curvas que tornam a mulher mais vistosa e mais senhora, como ritual de passagem, acentuando a diferença de género, com mais sensualidade. Claro que é possivel ser elegante mesmo tendo gerado mais filhos.

São vários os grupos musculares envolvidos em todo o processo de gravidez, parto e puerpério e mesmo alguns orgãos ajustaram e reajustaram o seu funcionamento, como a bexiga, intestinos ou pulmões. Nesta lógica seria absurdo pensar que logo após o parto o volume abdominal possa diminuir drásticamente por faixas, cintas ou alguma intervenção manual.

A recuperação tónica do corpo feminino passa pela tonificação muscular do pavimento pélvico que sustentou o peso gradual do seu abdómen, alargou na altura certa para a passagem  da cabeça do bebé, ajudou activamente na sua expulsão e inicia por contrações rítmicas a sua recuperação. Ao tornar mais consciente e mais activo todo este processo estaremos a incrementar a sua rapidez e estabilização. O diafragma que permitiu descontrair, cadenciar o ritmo das contrações e da força activa da mulher fornecendo o fôlego e oxigénio suficiente durante todo o processo, necessita de descanso, alongamento e atividade faseada. No trabalho de fisioterapia, os músculos perineais, diafragma, peitorais e abdominais são trabalhados por esta ordem, sim, mas também não podemos descurar o binómio  descanso/ocupação, interligando a consciencia corporal, postural e do prazer.

Os exercícios de Kegel para prevenir a incontinência urinária, frequente nos 1ºs dias pós parto são eficazes tambem como base de todo um programa de recuperação. Incline-se para a frente. Aperte o chão pélvico como se quisesse segurar um berlinde com a vagina, fazê-lo subir até à zona correspondente ao umbigo e desvie este para dentro, na direção da coluna, até  “encostar” ao berlinde. Verifique que, por reflexo, a sua coluna se alinhou na vertical com a cabeça e até se sente mais alta. Falta falar no tempo que o deve fazer, na respiração, nos outros músculos mas tudo isso tem de se adaptar a si, como está, como é e ao seu quotidiano.

Funciona com adolescentes, para sentir e treinar a sua musculatura própria antes que lhe digam que isso não interessa e lhe neguem esse prazer. Conscientes de como funciona o seu corpo, tornam-se menos frágeis e de como o podem defender. Para isso, noutras culturas, infelizmente ainda retalham os seus genitais para elas não terem a tentação de terem prazer sózinhas “porque roubam o poder aos maridos”. É uma questão de poder de género, no seu pior, por isso é importante que se saiba, fale disso e se condene.

Mais divulgado como prevenção da incontinência urinária nas mães recentes (puerparas) e nas senhoras de ½ idade (pré menopausicas) pode ser considerado um treino de reajustamento postural, além de duma tonificação interior que concorre para diminuir o seu perímetro abdominal e reduzir (não retira) o volume do seu ventre. Noutras culturas como no Brasil, é passado de mães para filhas com nomes carinhosos, e divulgado como truque prazeiroso para o seu homem, mas durante o acto amoroso pode ser estimulante para ambos, reinvindicando o prazer conjunto.
Em grupos de mais de 65 anos tenho constatado que além de um gozo e de bem estar físico, as senhoras referem mais capacidade para reconhecer o que não está bem nessa zona, como prevenção atenta de doença, tal como aconteceu na auto-palpação das mamas mas, isso fica para depois…

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