Bebés e animais de estimação: uma relação perigosa?

Os benefícios ultrapassam claramente os receios, mas é preciso ter em atenção alguns cuidados. Eis alguns conselhos para evitar problemas

Esta é sempre uma questão que levanta muitas dúvidas aos pais e que importa esclarecer. Apesar dos receios, a maior parte das vezes a relação entre animais de estimação e bebés é muito positiva, desde que se tenham em atenção alguns cuidados particulares.

No entanto, é fundamental ter presente que os aspectos expostos neste texto são genéricos, pelo que as decisões terão sempre que ser tomadas “caso a caso”. Assim, aqui ficam algumas reflexões que me parecem as mais importantes.

SEGURANÇA
Este é, talvez, o ponto-chave da discussão. Muitos animais são autênticos “membros da família” e é muito bom que seja assim, mas não nos podemos esquecer que são isso mesmo: animais. Isso quer dizer que agem por instinto na maior parte das vezes, o que deixa sempre alguma incerteza sobre a reacção deles quando se sentem ameaçados. E é exactamente isso que acontece quando surge um bebé no seu território: uma possível ameaça.

Por esse motivo, é importante tentar que haja uma habituação progressiva do animal ao bebé e isso pode conseguir-se dando a cheirar alguma roupas primeiro e depois aproximar aos bocadinhos o bebé.

Por outro lado, é fundamental que o animal não perca muito do seu protagonismo. Tem que se tentar manter um nível de atenção próximo do que havia anteriormente, para que não surja um sentimento de perda completa por parte do animal.

Por fim, o maior conselho é mesmo não facilitar. Em primeiro lugar, tem que se perceber que tipo de animal existe em casa, porque há claramente raças bem mais perigosas do que outras. No entanto, mesmo que seja muito meigo, nunca se deve deixar o bebé sozinho com o animal. Geralmente, grande parte dos animais tem uma postura protectora face aos bebés, mas isso não é sempre assim e não se deve correr riscos. Contacto sim, mas sempre com supervisão!

CUIDADOS VETERINÁRIOS
Todos os animais devem ir regularmente ao veterinário para serem vacinados, desparasitados e fazerem uma observação médica. A isto chama-se medicina preventiva e é algo muito importante de manter de forma permanente.

Claro que, quando nasce um bebé, esses cuidados devem ser redobrados, uma vez que o sistema imunitário se desenvolve progressivamente a partir do nascimento, o que o coloca numa posição algo vulnerável e que tem que ser salvaguardada.

ALERGIAS
Este é, talvez, um dos maiores receios que os pais têm. No entanto, eu atrevo-me a dizer que, na maior parte das vezes, não há grandes motivos para isso.

Há muitos estudos que tentam perceber qual a relação que existe entre o contacto precoce (desde o nascimento ou nos primeiros meses de vida) com o pêlo dos animais e o risco futuro de desenvolver alergias e a maior parte parece demonstrar que essa relação pode ser protectora. O que acontece é que o organismo vai “habituar-se” desde cedo a conviver com essas partículas, o que vai fazer com fique mais tolerante e não desenvolva reacções alérgicas tão facilmente.

Obviamente, se houver história familiar de alergias o risco do bebé vir a ser também alérgico é maior mas, de um modo geral, também nessas situações o contacto entre animais e bebés pode ser benéfico relativamente a este aspecto.

DESENVOLVIMENTO
Todos os bebés precisam de ser estimulados para poderem atingir a plenitude das suas capacidades e o contacto precoce com animais parece ajudar no seu desenvolvimento. Os estímulos visuais, sonoros e tácteis dos animais são importantes, mas mais ainda a partilha de espaços, o respeito e o “companheirismo” que têm que existir nessa relação e que acabam por ser aprendidos desde cedo e de forma natural. Tudo isso são aprendizagens que ajudam o bebé/criança a crescer e desenvolver-se de forma mais saudável e isso vai-se reflectir, seguramente, no seu futuro.

Deste modo, em jeito de conclusão, gostaria de reforçar a ideia de que a relação entre bebés e animais de estimação é, de um modo geral, muito positiva e deve ser fomentada sempre que possível. Desde que haja uma supervisão adequada e permanente, os benefícios ultrapassam claramente os possíveis riscos, pelo que não há razão para haver grandes preocupações ou receios.

Fonte: Visão

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